Teóricos e Filósofos da Comunicação da Atualidade

SOBRE PIERRE LEVY

Entre todos os teóricos e filósofos da comunicação da atualidade, Pierre Lévy é com certeza o mais adulado. Não é à toa. Sensível no que tange às perspectivas tecnológicas, Lévy inclui em suas análises conceitos na área de informática, sociologia contemporânea, filosofia e história.

Pierre Lévy nasceu na Tunísia, em 1956, então colônia francesa. O período que corresponde de sua graduação primária a superior é desconhecido do público. Sua biografia se inicia em 1980, quando ele concluiu seu mestrado em História da Ciência na Universidade de Sorbonne, em Paris.

Três anos depois, Lévy se doutourou em Sociologia e Ciências da Informação e da Comunicação, também em Paris. Seus estudos giraram em torno de cibernética e inteligência artificial.

Ainda na década de 80, Lévy tornou-se professor da Universidade de Quebec, em Montreal, no Canadá, lecionando sobre a utilidade dos computadores no processo da comunicação. Lá, dirigiu o departamento de comunicação do campus de 1987 a 1989.

De volta à França, o filósofo tornou-se professor de Ciências Educacionais na Universidade de Paris-Nanterre de 1990 a 1992. Revezou o trabalho com a investigação do Laboratório Neurope, em Genebra, Suíça, instituto que ajudou a fundar.

Em 1994, Lévy alcançou projeção mundial ao divulgar a "árvore de conhecimento", sistema do qual foi co-inventor juntamente com Michel Authier. Consistia em um software de cartografia e troca de conhecimento em comunidades.

No ano seguinte, lançaria seus primeiros livros, As Técnicas da Inteligência e A Árvore do Conhecimento, este em parceria com Authier. No Brasil, Lévy publicou cinco de seus livros. Entre eles, destacam-se O Que é Virtual? e Cibercultura, ambos lançados pela Editora 34. Neles, em linhas gerais, o guru expõe seu pensamento sobre a comunicação digital: um fenômeno com o poder de simplificar o acesso e a produção do conhecimento.

O cyberpensador já visitou o Brasil várias vezes - já chegou a declarar, inclusive, que seu coração é brasileiro. Na última delas, em agosto de 2002, atendendo à solicitação do Sesc Vila Mariana, Lévy palestrou para cerca de 500 pessoas. O assunto mais discutido foi a exclusão digital, o tema mais freqüente em suas palestras.

Atualmente, Lévy é professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, onde dedica a maior parte de seu tempo ao estudo das novas tecnologias da comunicação, em especial a internet, e as implicações que elas reservam ao futuro. Soluciona dúvidas de diversos governos, organismos internacionais e multinacionais.

Pensamentos

Lévy é originário da escola européia; ao contrário dos filósofos tradicionais, abomina a dialética. Seu pensamento é direto, simples e objetivo, mas, ao mesmo tempo, profundo e reflexivo.

O teórico equilibra-se entre a visão otimista e a negativa quanto a utilidade das novas tecnologias da comunicação. Em O Que é Virtual? Lévy defende que não se deve avaliar sua serventia, mas sim "determinar em que direção prosseguir um processo de criação cultural irreversível".

Ele argumenta que as novas tecnologias não são nem boas, nem ruins: são neutras, peculiares de um novo biótipo humano. "O virtual está assimilado a um problema assim como o atual a uma solução", escreve. Conforme ele, o virtual não se opõe ao real e sim ao atual.

Para Lévy, antes de condenar as novas tecnologias da comunicação, os estudiosos deveriam analisá-las, aprendê-las e, prioritariamente, compreendê-las. A rapidez com que elas se desenvolvem, no entanto, limitam esse tipo de estudo, ocasionando no radicalismo popular: ora ao mar, ora ao céu. A seu ver, ainda é muito cedo para especular.

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